O arroz-doce é uma deliciosa sobremesa que encanta brasileiros, europeus, asiáticos e tantos outros povos até os dias de hoje. A etimologia do nome vem do sânscrito sarkara, ou seja, “areia grossa”, significado que acabou dando origem a todas as versões da palavra açúcar nas línguas indo-europeias. O açúcar chegou ao Brasil por meio dos portugueses em torno do século XVIII, mas sua origem data, aproximadamente, do século VI a.C., no Continente Asiático.
Registros mostram que, na época do seu surgimento, o arroz era cozido com leite e açúcar. Existem versões de preparo da referida sobremesa, utilizadas em cerimônias budistas em séculos anteriores a Cristo, que misturavam somente o açúcar ao arroz. Esses relatos de receitas antigas ajudam a constatar a importância dessa magnífica receita no mundo. Não é possível ter certeza do tipo de esforço que o preparo exigia, o que podemos afirmar é que hoje ela é uma receita adorada em todos os continentes do globo.
O arroz-doce pode ser apresentado de diferentes formas. Na Ásia, é servido nos casamentos hindus. Já para os judeus sefaraditas, a sobremesa é consumida no dia a dia, com mel, açafrão, mástique – uma espécie de resina aromática – e canela. Champorado é o nome que o arroz-doce recebe nas Filipinas e que tem o chocolate como ingrediente especial. O doce também é conhecido pelo nome de Pirinee, nas Ilhas Maldivas e, nessa versão, conta com canela e folhas de pândano. Seguindo para a Tailândia, o arroz-doce é chamado de Khao Neeo Mamuang, feito com leite de coco e posto na mesa com fatias de manga e muito pouco açúcar. Muitas pessoas consideram essa receita a melhor versão.
Para os libaneses, a sobremesa é chamada de Roz Bil Hahlib, preparada com água de flor de laranjeira ou de rosas. Em Portugal, canela e gemas de ovo são acrescentadas ao arroz-doce, transformando-o em uma iguaria. Na Dinamarca, ele é preparado com leite, nata, canela, açúcar, manteiga, amêndoas trituradas e lascas de amêndoa para enfeitar. Nessa região, ele é servido costumeiramente no Natal.
Há uma lenda dinamarquesa que diz que os antigos agricultores ofereciam o arroz-doce aos Nisse, criaturas míticas que viviam escondidas nas fazendas. Eles protegiam as terras e entregavam os presentes de Natal para as crianças em vez do Papai Noel.
Aqui na terra brasilis, podemos saborear o arroz doce semelhante à sobremesa degustada em Portugal. Claro! Foram eles que nos apresentaram a essa generosa especialidade. A diferença é que normalmente não colocamos gema, acrescentamos o sublime leite condensado ou até mesmo o doce de leite.
São várias as formas de preparar o arroz-doce. Desejo que, a partir daqui, você deixe sua inspiração e imaginação passearem pelos meandros da gastronomia e faça despertar o chef que existe em você. Experimente novos ingredientes e sensações, inove cada vez mais. Agora é com você!
Henrique Fogaça
Sal Gastronomia
Porções: 15
Tempo de preparo: 40min
Ingredientes:
300 g de arroz agulhinha
300 g de creme de leite
2 litros de água
900 g de leite condensado
6 cravos
3 paus de canela
75 g de manteiga
75 g de açúcar
7 gemas de ovos
Calda de caramelo
500 g de creme de leite
150 g de água
200 g de açúcar
3 g de flor de sal 1
Modo de preparo:
Em uma panela média, coloque a água, o arroz, o creme de leite, as especiarias e o leite condensado. Misture bem e leve ao fogo médio. Espere o arroz cozinhar por cerca de 20 minutos até que fique macio. Mexa com cuidado para não grudar. Depois, tire do fogo e reserve.
Em uma batedeira, adicione as gemas com o açúcar até obter um creme esbranquiçado. Volte o arroz ao fogo até atingir o ponto de fervura e uma textura cremosa. Ao arroz cremoso, junte cuidadosamente as gemas batidas e mexa, cautelosamente, para não deixar que elas talhem. Para isso, procure adicioná-las aos poucos. Depois, mexa até que o creme encorpe.
Retire a mistura do fogo e acrescente a manteiga gelada, mexendo até ela derreter. Em seguida, resfrie o doce e leve-o à geladeira.
Para a calda, em uma panela pequena em fogo médio, coloque o açúcar e a água e mexa até surgir uma calda cor de caramelo claro. Adicione o creme de leite e deixe reduzir um terço do volume. Logo após, retire da panela e adicione a flor de sal.
Sirva o doce quente ou frio e acrescente a calda com a flor de sal.